‘Revisores’ recomendam produtos falsos para ganhar dinheiro rápido no Brasil

Publicado originalmente por rest of world

Por alguns dólares, revisores pagos gravam um vídeo atestando qualquer coisa. Os golpistas os adoram.

Nomeie um serviço online e há uma boa chance de você contratar um trabalhador temporário para fazê-lo. No Brasil, onde os empregos são escassos, mas o know-how digital é comum, esses serviços podem custar até 20 reais (pouco mais de US$ 4) cada. Tarefas pelas quais designers profissionais, influenciadores e profissionais de marketing cobrariam até milhares de dólares podem ser encontradas em plataformas de trabalho como VintePila, 99Freelas e Vinteconto por uma fração do preço normal. Entre os muitos serviços oferecidos está o nicho de revisor: alguém contratado para fazer vídeos caseiros de estilo amador para atestar publicamente um produto.

“Uma coisa é contratar um famoso e pagar milhares de reais por um anúncio. Outra coisa é pagar 30 reais para um qualquer no VintePila por uma crítica”, disse Xande, um crítico de 42 anos de Fortaleza, no nordeste do Brasil, ao Rest of World. Ele falou sob um pseudônimo, pois pode ser responsabilizado legalmente pela lei brasileira por produtos que endossou no passado.

As críticas entusiásticas postadas por esses trabalhadores, no entanto, não são expressões orgânicas de admiração autêntica. Os revisores disseram ao Rest of World que seus depoimentos pagos são fortemente roteirizados, sem espaço para impressões reais e honestas. Isso significa que os revisores não têm ideia se um produto funciona como dizem – ou, de fato, se existe.

Embora as avaliações pagas possam ser um impulsionador eficaz das vendas de produtos existentes, pagar por avaliações de produtos em qualquer situação viola a lei do consumidor brasileira, disse Marcio Chaves, advogado e especialista em direito digital brasileiro do Almeida Advogados, ao Rest of World. Críticas aparentemente genuínas vendidas como anúncios potencialmente se enquadram nas leis de proteção ao consumidor do país contra propaganda enganosa, disse ele, independentemente de os produtos serem reais ou não.

Os revisores estão mais preocupados com o risco de não aceitar esses trabalhos. Pressionados por empregos na economia estagnada do Brasil, eles disseram ao resto do mundo que os tempos difíceis os empurraram para o negócio. Para pagar as contas, eles revisam os produtos sem nunca tê-los usado, abrindo-se para – no pior dos casos – acusações de furto…

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