Publicado originalmente por rest of world
Depois de uma série de crimes violentos, os homens estão questionando se suas correspondências de aplicativos de namoro parecem um pouco ansiosas.
João Eleutério da Silva, paulista de 51 anos, mudou seus hábitos de namoro no Tinder no último ano e meio. Ele tem medo de se tornar outra vítima da recente onda de sequestros, golpes de transferência de dinheiro e até homicídios – todos os quais começam atraindo homens como ele para aplicativos de namoro. No Tinder, uma mulher décadas mais jovem que ele, mostrou grande interesse, mas se recusou a se encontrar em público, ele ficou desconfiado. “A oferta [dela] foi muito fácil”, disse da Silva ao Rest of World.
“Não me senti seguro e acabei não seguindo com a conversa.”
Seu comportamento não é injustificado: as estatísticas da polícia mostram que nove em cada 10 sequestros em São Paulo no ano passado ocorreram após um encontro marcado por meio do Tinder e aplicativos semelhantes. De acordo com Eduardo Bernardo Pereira, policial da divisão anti-sequestro de São Paulo, homens como da Silva – com idades entre 30 e 65 anos – são os principais alvos. O medo do que ficou conhecido como “assaltos ao Tinder” deixou milhares de brasileiros em aplicativos de namoro criarem suas próprias medidas de segurança. Falamos com três usuários atuais de aplicativos de namoro, todos os quais confirmaram que seu comportamento nesses aplicativos mudou drasticamente nos últimos meses. Eles agora verificam rigorosamente a identidade de seus acompanhantes em outras plataformas de mídia social e insistem em se encontrar em locais públicos, interrompendo as conversas quando não se sentem seguros.
“Fico desconfiado… quando mulheres muito mais novas do que eu e com pouquíssima roupa nas fotos fazem propostas”, disse da Silva. “Se eu tenho 51 anos e ela 23, como posso não pensar que estou sendo atraído para um possível roubo?”
O aumento de golpes coincidiu com a adoção generalizada de duas formas de tecnologia: aplicativos de namoro e pagamento móvel. Uma combinação de fatores recentes tornou os homens particularmente vulneráveis a essa forma de golpe no Brasil. Criminosos usam perfis falsos de aplicativos de namoro para atrair alvos desavisados para um local privado com facilidade e, em seguida, pegar seu dinheiro usando o PIX — um método de pagamento instantâneo por QR usado por 67% dos brasileiros. Criminosos descobriram que podem usar o PIX para extrair grandes quantias de dinheiro das vítimas que enganam usando aplicativos como o Tinder.
De acordo com Gustavo Torrente, professor de segurança cibernética da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), um centro de educação tecnológica em São Paulo, os criminosos seguem consistentemente esse mesmo padrão com efeitos devastadores…
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